Diário de Professora de Uma Criança Autista - Capítulo 3
Oi diário!
Venho trazendo novidades sobre o Gugu, e não são poucas. Ele tem se desenvolvido muito bem (obrigada!) no ambiente escolar. A presença de outras crianças tem ajudado o Gustavo em alguns aspectos de comportamento. Às vezes ele se mostra agressivo, mas sabemos que não é porque ele quer. A palavra "não" já faz algum sentido para ele.
Quando percebemos que ele está batendo ou machucando algum coleguinha involuntariamente, dizemos: "Gustavo, não pode!", e ao mesmo tempo que falamos isso fazemos o gesto de "não" com as mãos. Ele para, olha, continua, mas continuamos com o "Gustavo, não pode!" até que ele "decide" parar e fazer outra coisa.
A hora da atividade tem sido um grande desafio, mas estamos progredindo. Antes precisávamos pegar o Gustavo no colo e segurar na mão dele; chamá-lo para fazer a tarefa não dá muito certo, pois ele não vem por si só; mas a partir do momento que mostramos o lápis ou o giz de cera ele já entende que se trata da tarefa e vem até a mesinha.
Pega o lápis e simplesmente rabisca tudo.
QUE SENSACIONAL!!!!
Eu amo ver que ele fez a atividade. E o interessante de tudo, ele não olha para o caderno, apenas faz seu dever!
Minhas colegas e eu conversamos e chegamos a uma conclusão: temos que "trabalhar" o Gugu individualmente, longe dos coleguinhas por alguns instantes. E foi isso que comecei a fazer.
Levei ele para a brinquedoteca da escola e coloquei um brinquedo colorido, tipo um quebra-cabeças, de madeira, para observar o comportamento dele enquanto brincava. Foi magnífico vê-lo brincar ali, tão em paz.
E assim o nosso Gustavinho tem nos surpreendido: montando brinquedos,
fazendo a tarefa,
parando para ouvir quando falamos com ele,
sorrindo às vezes, mesmo que involuntariamente,
comendo o lanchinho,
bebendo água em sua garrafinha do Chaves,
fazendo alguns barulhinho como se quisesse conversar com a gente,
deixando colocar a mochila em suas costas,
impaciente quando vê o ônibus chegar e querer logo subir para ir embora.
São tantas emoções, rsrsr!!!
Esses meus relatos são de apenas quatro horas por dia da vida escolar do Gustavo. Talvez ele faça muito mais coisas em casa e nós não sabemos.
Uma coisa é certa: ele tem muito potencial e vai se desenvolver mais e mais com o passar dos anos.
Este é apenas o primeiro ano escolar dele. Virão muitos! E esse início será essencial!
Jaque Santos
Fotos: Jaqueline Tavares
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